Muito se fala sobre o "não dar o peixe, e sim ensinar a pescar". Me soa traiçoeiro e egoísta tal argumento, tendo em vista a clara divergência de importância, designada a cada cargo profissional dentre os que temos hoje em nossa sociedade. Que tipo de peixe um lixeiro conseguirá pescar, com uma vara de bambu, se um grande empresário, ou qualquer outro profissional que faça parte da elite financeira de nossa sociedade, tem milhares de varas de ultima geração a seu dispor? Parafraseei aqui, com o intuito de questionar a viabilidade de introduzir a falsa meritocracia, a um assunto que, quando paramos para pensar em argumentos, de mérito nada se pode tirar.
Aliás, mérito tem um cidadão que, por saber a distância entre um salário mínimo, e um imóvel, entende a discrepância absurda e, completando... A impossibilidade de se ser medida (diz-se irrisória).

O que vemos hoje, principalmente em São Paulo, são espaços inutilizados e enormes, que tendem a cair em más mãos. São mãos essas, as que constroem imóveis, mas não imóveis para quem precisa. São moradias para quem TEM, para quem INVESTE, para quem compra 2,3,4 apartamentos de uma só vez, e não para quem não tem sequer 20 m² para dormir depois de um dia de trabalho.
São versões que visam não o atendimento à plataforma da demanda necessitada, mas uma espécie de panes et circense que aufere lucratividade à bolsos que nada demandam a não ser o lucro dos juros compostos, oriundos de um patrimônio imobilizado que imobiliza tanto a democracia, como o desenvolvimento, não imobiliza a corrupção e a ganância exacerbada de quem TEM e quer, a qualquer custo, TER mais, e mais.
A bolha que seguirá, caso continuemos a passos largos nesse tipo de política, romperá não pela inadimplência de que necessita, mas pelo excesso de confiabilidade de quem corrupta-mente mente em prol de votos, vetos e pseudovalores existenciais, corrupção ativa e aditivada. Logo este país colherá os frutos podres de tanta ausência de civilidade democrática e justiça social.
Moradia para quem?
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