Tenho te encontrado nos versos de Fernando Pessoa, Vinicius de Moraes e
Drummond.
Nas poesias da Bukowski, nos quadrinhos de Millôr e Quino e nos livros de
Capez, Celso Antônio e Jorge Amado.
Te vejo, atualmente, na história do Brasil, nos poemas mais boêmios e
nas poesias mais
clichês; astuciosamente, está você também em todas as equações das quais
eu faço uso diariamente em meu trabalho.
Me rendi. Não sou páreo para este teu jeito enigmático, o qual
constantemente me anseia em
desvendar. Este teu rosto grudado nas mocinhas dos meus dramas e
romances clichês de
sessão da tarde, e este teu sorriso incorporado nas personagens sem sal
dos romances que eu, diariamente, adoro ver.
Meu palmeiras, minha MPB, meu filme “Notting Hill”, tua imagem
incrustada em cada um dos minúsculos detalhes do meu dia a dia. Meu caminho pro
trabalho, meu caminho até minha casa e meu percurso pra qualquer dos cantos
entre o norte e o sul desta cidade nem tão pequena...
Coração pulsando intensamente, imensamente, não só batendo 70 vezes por
minuto, sempre mais, sempre bem mais. Pulsando de rasgar esse peito meu, me
lembrando este sorriso tal que é o teu. Agora berrando, é ansiedade, é
esperança. Pulsando. Sede de paixão, receio de exercê-la.
Fracasso em ficar bem sem. Fracasso em ficar bem com.
Neura, ansiedade.
Angústia e pessimismo.
Saudade até antes de dormir. Mas saudade de quê?
Espera.
Espera do verbo esperar, enquanto houver chances.
Espera...
Espera do verbo esperançar, enquanto houver esperanças.
Amor?
Medo de solidão. Necessidade de nunca parar a cabeça pra pensar, nunca
ter a chance de estar sozinho comigo.
Sempre buscando alguém? Não... Sempre fugindo de mim...
E qual o jeito, quando não se parece ter jeito?
Paro. Inanimado que é o travesseiro, predileto meu, me olha. Sabe que
nessa história não
o pessimismo alavanca a probabilidade do fracasso.
Não, é que não tem jeito.
Porque eu quero você. E porque você não me quer. E é que algo em mim,
uma pretensão involuntária, me impulsiona a tentar.
Sigo, não obstante, buscando sobreviver a essa paixão que só aumenta em função dos obstáculos que se lhe opõem.